Caracterização da faixa etária
de um a dois anos
Depois que completa o primeiro ano de vida, o bebe começa a desenvolver a fase da individualização, fase esta que se caracteriza pelos primeiros sinais de independência, que são a aquisição da linguagem e da marcha. O fato de poder caminhar dá a criança uma grande liberdade, pois ela passa a não depender mais de um adulto para se locomover. Além disso, esta habilidade dá à criança a possibilidade de explorar melhor os ambientes e de conhecer seus limites, através de novos movimentos e novos desafios. Com a coordenação motora mais avançada, a criança já é capaz de:
· Empilhar blocos e encaixar objetos;
· Superar ou desviar de obstáculos, subir em blocos, engatinhar em escadas, escorregar;
· Sobe escadas sendo segurada pelos adultos, porem com o tempo já começa a querer se arriscar e fazer isso sozinha;
· Sobe em mesas e cadeiras para pegar objetos de seu interesse, etc.
E à medida que vai crescendo ela busca novos desafios para estas atividades. Neste período a criança constrói seu esquema corporal através da coordenação motora, com atividades como abaixar-se, pular, correr, balançar-se, girar, etc.
Esta é uma fase em que a criança explora intensamente o mundo físico, para ela tudo é objeto de conhecimento e gera interesse da criança. Nesse sentido se torna importante fornecer a ela diferentes materiais para que possa explorar variadas texturas, temperaturas, tamanhos, formas, peso, cor, enfim, assim vai conhecendo o mundo, os objetos e as pessoas a sua volta
A criança neste período descobre que pode negar pedidos, que não precisa realizar o que os outros, sejam eles adultos ou outras crianças, lhes dizem ou pedem. Assim, conflitos entre o desejo da criança e os limites colocados por outras pessoas são comuns. Quando um conflito é gerado, a criança demonstra sua contrariedade frente a situação e pode demonstrar sua irritação fazendo birra, se jogando no chão, chorando,etc. Nesses momentos a mediação dos adultos ajuda a criança a compreender que essa não é a melhor forma de resolver seus conflitos e que conversando todos podem se entender.
Do primeiro ano de idade aos dois anos há um grande desenvolvimento da linguagem oral na criança. Das vocalizações iniciais, gorjeios e balbucios, passa a repetir palavras, chamar pessoas, denominar objetos. Nesse período, demonstra interesse por:
· Imitação (som de bichos e objetos);
· Exploração de imagens e gravuras;
· Ouvir histórias contadas através de livros, fantoches, etc.
· Passa a manifestar interesse em comunicar-se com as outras pessoas.
Inicia uma fase de maior socialização realizada através da fala. Surgem as palavras-frase, a criança, por exemplo, para pedir uma bola diz “bola” querendo dizer eu quero a bola. Também faz isso para pedir que lhe cantem uma música denominando aquilo de que fala a música, por exemplo “roda”. Assim, através destas palavras-frases passa a fazer os seus pedidos. Importante destacar que o adulto como uma referência, modelo de falante para a criança deve incentivar estas conversas completando, perguntando para a criança: “Maria, você quer a bola? Sim, vamos pegar a bola para brincar.”
Oralizar o que se faz, os pedidos realizados pela criança, as situações vivenciadas cotidianamente em casa e na escola, além de contribuir na constituição da fala na criança auxilia na produção do pensamento e elaboração dos sentimentos, desejos e necessidades dela. A qualidade da interação do adulto com a criança faz com que seu repertório aumente e se complexifique.
Algumas crianças, para realizarem esta comunicação de solicitação de algo apontam para o objeto que desejam, nesse momento é importante incentivar a oralização do pedido, podemos perguntar, por exemplo, o que a criança quer. Em seguida a criança já consegue realizar seus pedidos oralmente, acompanha as cantorias e conversa, conta sobre o que fez na escola, o que gosta...
A aquisição da marcha (caminhar) e o desenvolvimento da linguagem oral aumentam e complexificam a socialização das crianças, tanto delas entre elas quanto delas com os adultos.
A criança tem dificuldade em se colocar do ponto de vista do outro, este fato impede que ela estabeleça relações de reciprocidade, choros são comuns.
As noções de tempo e espaço são importantes para organização pessoal das crianças e para o desenvolvimento das suas capacidades cognitivas. A rotina auxilia na construção da noção de tempo e de espaço – oralizações vinculadas a estes conceitos como: “antes da janta vamos ouvir uma história”, “depois da janta o papai e a mamãe vem buscar vocês”, “hoje, a Maria está sentada perto do João e a Ana longe”, são fundamentais para que a criança possa estabelecer relações entre os fatos, acontecimentos e o seu cotidiano.
Por volta dos dois anos, a criança começa a se mostrar menos opositora e demonstra grande afeição pelo conhecido. É natural que, nesta fase, se torne ritualista e se apegue a organizações rígidas da rotina, inclusive ao cardápio, peça que contemos uma história ou cantemos uma música várias vezes. Essa é uma maneira como consegue exercer o domínio sobre as coisas do mundo.
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